Realizadores, produtoras e canais de TV e Streaming de todo o Brasil se reúnem por dois dias para analisar projetos de cinema socioambiental. Abertura reuniu representantes do Planeta.Doc, da Cinemateca Catarinense, do Museu da Imagem e do Som, do Curso de Cinema da UFSC, da Santacine e da TV Brasil. O cineasta Jorge Bodanzky ministrou uma masterclass exibindo trechos da sua obra e falando sobre os temas que filmou ao longo da carreira. Bodanzky lança esta semana, na Globonews e no Canal Brasil, o filme “Amazônia, a nova Minamata?”, sobre a contaminação de terras e comunidades amazônicas com mercúrio em lugares onde há extração de ouro. Na sexta, novas rodadas de negócios e pitchings públicos durante todo o dia no Passeio Sapiens e debate com os três cineastas convidados no Centro Integrado de Cultura (CIC) à noite.
O cineasta Eduardo Paredes, diretor da TV Brasil; João Roni, representante do Sindicato da Indústria Audiovisual de Santa Catarina (Santacine); Beatriz Kestering, da Cinemateca Catarinense; Ana Paula Bragaglia, Coordenadora do Curso de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Betita Pepulim, do Museu da Imagem e do Som (MIS) de Santa Catarina e a diretora do Festival Planeta.Doc, Mônica Linhares, fizeram a mesa de abertura. Eles destacaram a importância dos festivais, da produção cinematográfica relacionada aos temas socioambientais e das estruturas que incentivam e fazem cinema e audiovisual.

Além de terem destacado a importância da presença do público e do audiovisual nas escolas. Eduardo Paredes, cineasta catarinense, que atualmente é diretor da TV Brasil no Rio de Janeiro, destacou as estruturas criadas em Santa Catarina pela geração que trabalhou com audiovisual na década de 1990. Ele falou da importância do incentivo para a criação da Cinemateca Catarinense, do MIS, do Curso de Cinema da Unisul e, posteriormente, na UFSC e outras estruturas que foram criadas e defendidas por quem produzia, pesquisava e debatia audiovisual no estado. O diretor de Novembrada (1998) e Desterro (1991) também destacou a importância da Comunicação Pública para a produção audiovisual e para o público de cinema. “Acho um dever da Comunicação Pública se voltar para as produções de cinema e, sobretudo, para questões socioambientais. A Comunicação Pública tem um espaço enorme para crescer no Brasil”.
Em seguida, o cineasta Jorge Bodanzky, de 82 anos, ministrou masterclass falando de cinema, da obra que produz desde a década de 1970 e dos temas abordados na sua produção audiovisual. Vindo do jornalismo, Bodanzky contou que começou como cinegrafista para imprensa internacional durante a ditadura militar, quando também registrou por conta própria, em super 8, o cotidiano na Universidade de Brasília e, por 30 anos, entrevistas com pessoas que conviveram com ele nessa época sobre repressão, universidade, liberdade e outros temas.
Conhecido por um cinema militante e inquieto, Bodanzky fez filmes sobre a Amazônia. A primeira obra lançada do cineasta foi “Iracema – uma transa amazônica”, sobre o impacto da rodovia transamazônica nas populações locais. O filme é de 1974 mas, proibido, foi lançado oficialmente apenas em 1981. Agora Bodanzky está lançando “Amazônia, a nova Minamata?”, que estreia este final de semana na Globonews e no Canal Brasil. O filme trata da contaminação de mercúrio em terras indígenas na Amazônia brasileira por causa da extração de ouro.

A partir do final da manhã, o Fórum, que é uma iniciativa do Planeta.doc Festival, começou a reunir os participantes para as “Rodadas de Negócios”, que seguem ao longo de todo o dia. Nessas rodadas, os encontros são feitos individualmente, com encontros um a um, entre os realizadores e os players como as distribuidoras e canais de TV e de Streaming para falar dos projetos e das possibilidades de apoio e produção. O pitching público que, nesta quinta é sobre a distribuição de filmes de longa-metragem, aconteceu no auditório principal e consistiu em apresentações de sete minutos pelos proponentes que tiveram seus projetos selecionados. Eles falaram para uma plateia composta por representantes de distribuidoras e por outros realizadores interessados em conhecer e acompanhar os projetos.
Sobre os pitchings públicos
Produtores de audiovisual inscreveram projetos antecipadamente e foram selecionados para participar dessas oportunidades de encontrar players e apresentar as suas produções. Há a presença de canais e distribuidoras como TV Brasil, Canal Futura, TV Cultura, Travel Box Brazil, entre outros. Um dos projetos é o “Enterro das Águas”, que quer contar a história do aterramento e cobertura do rio da Bulha para dar lugar à Avenida Hercílio Luz, no Centro de Florianópolis. Nesse processo, os idealizadores contam que moradores da cidade como as lavadeiras do rio da Bulha foram forçadas a deixar o lugar e isso contribuiu para a formação de comunidades nos morros de Florianópolis como as do maciço do Morro da Cruz. O roteirista e diretor, Bruno Alexandre, e o idealizador da história, Rosa, morador do Morro da Caixa que ouviu muitas histórias sobre o rio da Bulha contadas pela avó.
A jornalista Kátia Klock apresentou o projeto “Território em Jogo – mulheres indígenas, futebol e resistência”, um longa-metragem de 80 minutos, que será produzido nos idiomas Português, Xokleng, Guarani mbya, Akuê, Nheengatu, Tukano e Baniwa. Cinthia Creatini da Rocha e Valeska Bittencourt, proponentes do projeto, explicaram a ideia, as personagens e falaram sobre a importância do futebol para as mulheres indígenas. Elas falaram um pouco sobre cada personagem, que vão contar no filme sobre a sua comunidade e sobre a importância do futebol. O roteiro e a direção será da produtora cultural indígena Graciela Guarani-Kaiowá.

Rodas de conversa e oficinas
A programação também contou com “Rodas de Conversa” com as produtoras e TVs, debatendo projetos de séries sobre a temática socioambiental e oficinas gratuitas com profissionais do cinema. Nesta quinta-feira, as oficinas foram realizadas com Vincent Carelli, Marina Klink e André Dib. Na oficina sobre uso de drones, André Dib transforma o céu em aliado e combina fundamentos técnicos e estéticos a uma abordagem ética, revelando novas perspectivas da natureza e das comunidades tradicionais.

Nas aulas de Vicent Carelli, são apresentadas técnicas de storytelling aplicadas a narrativas ambientais e comunitárias, unindo prática audiovisual e transformação social. A força das imagens na preservação ambiental é o foco desta oficina conduzida por Marina Klink, fotógrafa reconhecida por expedições a regiões remotas e por exposições que inspiram novos olhares sobre a natureza.
O Fórum Audiovisual de Natureza é um encontro dedicado ao fortalecimento do audiovisual voltado às temáticas socioambientais. Reúne realizadores, produtores, canais, distribuidoras e instituições públicas e privadas em debates, formações estratégicas e espaços de articulação profissional. De acordo com a diretora do Planeta.Doc, Mônica Linhares, a iniciativa busca impulsionar o mercado nacional, qualificando criadores e fortalecendo a cadeia produtiva do audiovisual de temática socioambiental, científica e de natureza. “Queremos ampliar as oportunidades de coprodução, licenciamento, circulação e distribuição de obras originais”, afirma.
Programação de sexta-feira, dia 5
A programação do segundo dia Fórum vai promover mais rodadas de negócios com reuniões individuais entre realizadores e distribuidoras e canais de TV e Streaming. Haverá também oficinas gratuitas com os cineastas convidados. Também serão realizadas Rodas de Conversa com o Canal Curta e com distribuidoras. Zeca Pires, TV UFSC, vai mediar uma Roda de Conversa sobre “TV e Responsabilidade Socioambiental Canais”. O pitching público desta sexta, quando realizadores apresentam para a plateia propostas em andamento que precisam de apoio para produção e distribuição, será sobre “projetos de série”.
No final do dia, a programação acontece também no Centro Integrado de Cultura (CIC) dentro da Mostra de Cineastas. Às 17h, tem a Mostra de Curtas de Todd Southgate. E das 19h30 às 21h, acontece no Cinema do CIC também o Encontro com Cineastas, uma conversa com a presença de Jorge Bodanzky, Todd Southgate e Vicent Carelli.
A proposta foi selecionada pelo Prêmio Catarinense de Cinema, Edição Especial Lei Paulo Gustavo 2023, executada com recursos do governo federal e lei Paulo Gustavo de emergência cultural, por meio da Fundação Catarinense de Cultura. O evento conta com apoio institucional da BRAVI (Brasil Audiovisual Independente), Instituto de Conteúdo Audiovisual Brasileiro (ICABI), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Andifes, UFSC, Secart, Experimenta 2025, Sala Verde da UFSC, Curso de Cinema da UFSC, Labcine UFSC, Neambi, TV UFSC, UDESC,IFSC, Unicamp, Fundação Certi, Sapiens Parque, Impetu Hub, Prefeitura Municipal de Florianópolis, Secretaria Municipal de Turismo, Floripa Destino & Região, Hurbana, Santacine, Cine Bunuel, Cineclube Groovy, Cineclube Rogério Sganzerla, Museu da Escola Catarinense, FICA, SINEP-SC, Círculo Artístico Teodora, Ecomoda, IELA Aliança Francesa, Fundação Badesc, Costão do Santinho, Hotel Interclass, Mercado São Jorge, entre outros parceiros e espaços culturais de Florianópolis.
Serviço: Fórum Audiovisual de Natureza
Onde: Passeio Sapiens e Centro Integrado de Cultura Quando: 4 e 5 de dezembro
Inscrições de oficinas: https://planetadoc.com/forum-novo/
Serviço: Festival Planeta.Doc – Mostra Cineastas
Onde: Centro Integrado de Cultura
Quando: 3, 5 e 6 de dezembro
Programação: https://planetadoc.com/programacao-cic/
Contatos para imprensa: imprensaplanetadoc@gmail.com | (48) 98484-7332 / (48) 99814-3797


